O Inmetro alerta os consumidores sobre os perigos potenciais da cauda de sereia, um acessório para utilização na água que amarra as pernas do usuário e atua como uma nadadeira, permitindo que crianças e adultos nadem como uma sereia. Estudo recentemente elaborado pelo Instituto identificou diversos perigos ligados à utilização e ao funcionamento do produto. Na análise de avaliação de riscos, os resultados apontaram, em todos os cenários considerados, para o “risco grave” relacionado a sua utilização, destacando que a lesão gerada é afogamento e o nível de gravidade desse tipo de lesão é a morte.
A discussão sobre o tema no Inmetro foi despertada por um vídeo originado nos Estados Unidos (https://www.youtube.com/watch?v=yFD2W3G4qAs), que exibe uma menina usando a cauda de sereia e sendo resgatada por sua mãe por não conseguir voltar à superfície após mergulhar de cabeça para baixo na piscina do quintal de casa.
No Brasil, caudas de sereia podem ser encontrados em lojas físicas e virtuais, chegando a custar de valores mais econômicos até algumas centenas de reais. Há também vídeos que explicam como confeccionar artesanalmente a cauda de sereia. Os principais fornecedores recomendam o uso do artefato para crianças maiores que 6 anos, advertindo que elas devem ser boas nadadoras e devem aprender a se movimentar com o produto antes do primeiro uso. Devem também utilizar a cauda de sereia somente em piscinas em seu alcance na profundidade, sendo supervisionadas durante o uso.
A Aliança Piscina + Segura, capitaneada pela Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), alerta que “a nova atividade proposta simboliza o mistério, a beleza, a sensualidade e a inovação de uma nova atividade na água, mas não pontua os riscos de tal atividade, que principalmente, em mãos inexperientes ou mal informadas pode levar ao afogamento e este a morte”. Complementa, ainda, informando que as ameaças da cauda de sereia afetam principalmente as crianças, devido ao apelo infantil inerente ao produto e às poucas condições deste público em lidar com os perigos.
Além do afogamento, outras preocupações são apontadas pela Aliança Piscina + Segura, como a tentativa de ficar mais tempo submerso, incentivando a apneia e a suspensão momentânea da respiração, podendo, eventualmente, provocar desmaio e até levar à morte. A atividade também promove o uso de cabelos longos e soltos, em menção à figura da sereia, aumentando o risco de sucção dos cabelos pelo ralo das piscinas.
O Inmetro orienta os consumidores que façam uma reflexão cuidadosa antes de comprar a cauda de sereia. Se o produto for adquirido, é necessária a supervisão experiente e atenta, principalmente se utilizado por crianças, e não somente a presença de pais no recinto da piscina, além do atendimento irrestrito às instruções do fabricante.
“Diante dos riscos relacionados ao uso do produto cauda de sereia por crianças, alertamos a sociedade para os devidos cuidados. A permanência de crianças sem a supervisão de um adulto em recintos de piscina ou praias não deve ser permitida em hipótese alguma para que se evitem afogamentos, ainda mais quando se utiliza um produto que cerceia os movimentos”, afirma Annalina Camboim, Diretoria de Avaliação da Conformidade do Inmetro.
A ONG Criança Segura revela que, no Brasil, os afogamentos são a segunda maior causa de morte e a sétima de hospitalização por motivos acidentais entre crianças com idade de zero a 14 anos. Em 2013, 1.107 pessoas dessa faixa etária morreram vítimas de afogamento, o que representa uma média de três óbitos por dia, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Diante destes números, o Inmetro está elaborando um estudo técnico sobre segurança em piscinas, com vistas a avaliar, entre outros aspectos, os riscos ao usuário envolvendo este ambiente aquático.
Maiores informações sobre como prevenir afogamentos estão disponíveis no site da ONG Criança Segura (http://criancasegura.org.br/dicas/dicas-de-prevencao-afogamento/).