.: Inmetro analisa 18 marcas de ferro de passar roupa e vaporizadores :.

No mês de junho, a bandeira tarifária vermelha aplicada na conta de luz, com custo de R$ 5 a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos, acendeu novo alerta para o bolso dos brasileiros, que desde o ano passado já têm sentido no orçamento o peso dos aumentos relacionados à energia elétrica. Nesse cenário, muita gente começa a olhar para dentro de casa e repensar seus gastos derivados do uso de eletrodomésticos. Presente em 100% dos lares, o ferro de passar roupa é um produto de potência elevada (na maioria das vezes acima de 1000 W) e carrega consigo a fama de ser um grande vilão no consumo de energia. Mas o quanto ele pesa, de fato, nas contas do mês? Para descobrir esse impacto e desmitificar alguns hábitos em relação ao uso do produto, o Inmetro, em parceria com o Procel e o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), realizou uma ampla análise em ferros elétricos de passar roupa a seco, a vapor e também de vaporizadores de roupa elétricos, de uso residencial.

Ao todo, foram adquiridas 18 diferentes marcas de ferro elétrico de passar e vaporizador de roupa disponíveis no mercado brasileiro, sendo quatro de ferro a seco, dez de ferro a vapor e quatro de vaporizadores/passadeiras de roupa. Os produtos foram analisados no Laboratório do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), no Rio de Janeiro, durante o segundo semestre de 2017. Entre os testes realizados, estavam ensaios de temperatura (incluindo medição do tempo de aquecimento e sobreaquecimento); de avaliação da produção a vapor; de avaliação da operação a vapor, e de medição de potência e consumo de energia. Clique aqui para ter acesso ao relatório completo da análise.

Mitos e verdades: que os ensaios revelaram?

O ferro é um vilão do consumo de energia?

Os resultados obtidos nessa análise revelaram que os ferros de passar roupa não são grandes vilões do consumo de energia. Existe uma percepção geral equivocada de que este eletrodoméstico, por ter uma potência elevada, consome muita energia, fato que nesta análise foi desmitificado. O consumidor que utiliza o ferro a seco por 8 horas mensais tem um custo de energia que varia, em média, de R$ 0,99 a R$ 1,40, dependendo da cidade em que reside, da marca e do tipo/modelo do ferro.

Vale a pena acumular roupa para passar de uma vez só?

É comum encontrar dicas de economia de energia relacionadas ao ferro de passar roupa, orientando os consumidores para acumular roupa e passar de uma só vez. Esse tipo de dica pode ser considerado um mito: a economia mensal é, em média, de menos de R$ 0,35. No Rio de Janeiro, por exemplo, uma pessoa que passa roupa durante duas horas seguidas com o ferro a seco, uma vez por semana, vai economizar em média R$ 0,18 no mês quando comparado a outro consumidor que prefere passar roupa todo dia durante 16 minutos, totalizando as mesmas oito horas mensais. Além disso, não compensa o esforço físico de passar roupas por duas ou mais horas seguidas: considerando que esta é uma tarefa repetitiva e desgastante, o consumidor pode optar por passar poucas peças por dia sem que isso aumente significativamente sua conta de energia.

Qual produto gasta mais: o ferro a seco ou a vapor?

Para o ferro a vapor, como já esperado, o consumo de energia é maior, devido ao aumento do número de vezes que ocorre o acionamento do termostato inicial. No entanto, o consumo também não pode ser considerado alto. Se considerarmos que o consumo médio de energia de uma residência no Brasil é de 161 kWh por mês , o ferro de passar roupa, mesmo a vapor, não contribui muito para o aumento do consumo de energia, correspondendo a menos de 4% do consumo mensal de energia e o ferro a seco a menos de 2%. Cabe ressaltar que os valores obtidos nos ensaios são para a pior situação de uso possível do ferro, isto é, com seu ajuste de temperatura selecionado no máximo, que resulta no seu consumo máximo. Na prática, como nem sempre se utiliza o ferro nesta situação, o consumo real é inferior aos estimados nesse relatório.

Dicas para economizar energia

• Utilize sempre que possível o ferro no modo seco;
• Ajuste a temperatura do ferro no seletor de forma a utilizá-lo sempre na menor temperatura exigida pelo tipo de tecido que se está passando;
• Nos ferros a vapor, quanto menor a quantidade de vapor aplicado, menor será o consumo. Em vários modelos existe um seletor de volume de vapor que possibilita este ajuste;
• Desligue o ferro da tomada quando for necessária uma pausa na atividade de passar para realizar outra tarefa. Os ensaios demonstraram que o consumo do ferro para se manter aquecido durante dez minutos é maior do que o consumo de um minuto para aquecê-lo e, portanto, é mais econômico desligá-lo caso seja necessário interromper a tarefa de passar;
• Quanto maior a área da chapa, maior será o consumo de energia. De acordo com a preferência pessoal de cada usuário, procurar utilizar o modelo com a dimensão da chapa que atenda à sua necessidade.


Amostras analisadas:

Resultados detalhados dos ensaios:

Tempo de aquecimento:

• O tempo de aquecimento dos diversos modelos ensaiados varia bastante. O ferro a seco da marca Mondial foi o que levou o menor tempo para aquecer (27s) e o ferro a vapor da marca Arno o maior tempo (1min34s).
• O tempo de aquecimento é influenciado pelos seguintes fatores: potência do ferro, área da chapa e ajuste do seletor de temperatura. Quanto maior a potência do ferro menor será o tempo de aquecimento e quanto maior a área da chapa e sua temperatura, maior será o tempo de aquecimento.
• Os ferros de menor tempo de aquecimento são aqueles de menor área da chapa (Mondial-NF04, Britânia-FB27, Arno-B3, Vincini-VCL031 e Confilar-ES2353) e os ferros de maior tempo de aquecimento são aqueles de maior área da chapa (Philips Walita-RI3811 e Arno-FU41).
• No caso dos vaporizadores, também houve uma grande variação do tempo de aquecimento entre os modelos ensaiados. Aqui, o fator determinante do tempo de aquecimento é a potência. O vaporizador com a maior potência (Electrolux-GST10) foi o que obteve o menor tempo de aquecimento, enquanto o de menor potência (Mondial-VP01) registrou o maior tempo.

Distribuição do calor na chapa:


• Com relação à distribuição do calor na chapa, a temperatura na base do ferro é sempre menor que nos outros pontos, tanto para os ferros a seco quanto para os a vapor. A distribuição de temperatura ideal seria aquela na qual toda a superfície estivesse na mesma temperatura, portanto, sem um local mais quente e outro mais frio.
• Para os ferros a seco, a melhor distribuição foi a do ferro da marca Black & Decker e a pior distribuição o da Arno. Para os ferros a vapor, a melhor distribuição foi a do ferro da marca Phillips Walita, seguido da Electrolux e Confilar. Já os ferros das marcas Black & Decker e Vicini apresentaram a pior distribuição.

Vapor produzido de forma estática:

• No ensaio que avalia o vapor produzido de forma estática, o resultado demonstra que para os ferros a vapor, o da marca Britânia apresentou o menor valor de massa de vapor e o Philips Walita o maior valor. Cabe ressaltar que a informação declarada pelos fabricantes das marcas Arno (85g/min), Oster (85g/min) e Philips Walita (40g/min) não corresponde ao valor encontrado nos testes: eles afirmam atingir uma massa de vapor muito acima dos valores encontrados no ensaio.
• Para os vaporizadores, a menor produção de vapor foi a da marca Cadence (15g/min) e a maior o da Conair (32,5), cujo valor de vapor produzido foi maior que o dobro da Cadence.
Potência:
• Quanto ao ensaio de potência, para todas as marcas analisadas, os valores encontrados encontram-se dentro do limite de tolerância determinado na norma.

Consumo de energia:

• Quando se compara o uso do ferro no modo seco com o uso no modo a vapor, percebe-se que existe um consumo maior de energia no uso do ferro no modo a vapor. Um morador de Brasília gasta entre R$ 3,14 (acumulando roupa para passar de uma só vez) e R$ 3,45 (sem acumular roupa), por mês, para passar roupa com ferro no modo vapor, ou seja, mais de três vezes do que no modo a seco.
• Já os vaporizadores consomem bem mais do que os ferros, tanto a seco quanto a vapor. Em média, uma pessoa moradora do Rio Grande do Sul, vai gastar, no mês, quase seis vezes mais para passar roupa usando o vaporizador do que se optasse pelo uso do ferro a seco. Quando a comparação é com ferro a vapor o gasto cai para duas vezes mais.
• Os ferros das marcas Oster, Hamilton Beach e Black Decker (vapor) possuem um dispositivo de desligamento automático que atua após 15 minutos de inatividade (posição vertical), evitando o desperdício de energia e protegendo contra possíveis incêndios provocados pelo esquecimento do ferro de passar roupa na posição ligado.