.: Dimav participa de intercomparações para quantificação de grãos transgênicos e de células cancerosas :.

A Diretoria de Metrologia Aplicada às Ciências da Vida (Dimav) participou, recentemente, de intercomparações que avaliaram a capacidade de quantificar o teor de grãos transgênicos em misturas com grãos comuns e a presença de DNA de célula tumoral em misturas com DNA normal. Os estudos foram propostos pelo Grupo de Trabalho de Ácidos Nucleicos (NAWG), integrante do Comitê Consultivo de Quantidade de Matéria (CCQM) do Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM).

Os ensaios envolveram quatro conjuntos de amostras preparadas por Institutos do Canadá, da União Europeia, do Reino Unido e da Austrália. Os itens de estudo foram enviados em três remessas, entre o segundo semestre de 2017 e o começo de 2018.

O teor de grãos transgênicos foi quantificado em misturas com quantidades baixíssimas, como um grão transgênico moído com mil grãos normais. Desta comparação participaram, também, institutos da União Europeia, da Tailândia, da Austrália, da Turquia, do Japão, da Rússia, do Reino Unido, da Colômbia, da Eslovênia, do México, de Hong Kong, da China e da Coreia do Sul.

A avaliação da capacidade em quantificar a presença de DNA de célula tumoral (câncer) foi feita em misturas que tinham, por exemplo, uma cópia com a mutação em mil cópias normais, por instituições da Tailândia, da Austrália, da Turquia, do Japão, do Reino Unido, da Colômbia, da China, da Coreia do Sul, da Alemanha e da Itália, além do Inmetro.

A grandeza considerada foi “quantidade de matéria”, tendo sido medidos dez parâmetros relacionados ao número absoluto de moléculas presentes nas amostras e à razão molar entre os números de moléculas medidas.

O desempenho da Dimav ficou entre satisfatório e ótimo em todas as determinações. Apesar dos bons resultados, o pesquisador Roberto Flatschart explicou que já foram identificados quais avanços tecnológicos, de infraestrutura e de conhecimento são necessários para reduzir ainda mais a incerteza de medição declarada pelo Inmetro, levando-a ao patamar de Institutos Nacionais de Metrologia que tiveram melhores resultados. “Essas ações já estão mapeadas no planejamento estratégico da Dimav para os anos de 2018 a 2022”, explicou.

O bom desempenho nos estudos evidencia o progresso do Brasil na área de metrologia biológica, fornecendo o melhor referencial possível de comparabilidade de desempenho técnico entre países. Além disso, mostra como o Inmetro pode apoiar o setor produtivo, já que as intercomparações são inspiradas em problemas reais da indústria. “Mercados como saúde, alimentos e o agronegócio, altamente demandantes de confiabilidade, são beneficiados, tanto pela segurança nos resultados, como pela possibilidade de superação de barreiras técnicas. São comuns as disputas impostas por mercados restritivos à suspeita de ocorrência de agentes infecciosos, à presença de transgênicos e também a certos tipos de derivados animais em produtos alimentares”, exemplificou Flatschart.

Os próximos ensaios previstos incluem a quantificação de um simulacro de HIV-1 em soro (equivalente ao ensaio de "carga viral" empregado no diagnóstico e no monitoramento de terapia antirretroviral) e a identificação, em embutidos, de adulteração com carne de procedências variadas.