O Cerflor é o Programa Brasileiro de Certificação Florestal, um processo voluntário coordenado pelo Inmetro, para certificar empresas que trabalham com produtos de origem florestal, madeireiros ou não, como papeis, embalagens, pisos, artigos da construção civil, entre outros.

O Programa certifica o manejo florestal – avaliando critérios como utilização ambientalmente adequada dos recursos hídricos e do solo, conservação da biodiversidade e desenvolvimento local – e a cadeia de custódia, com avaliação da rastreabilidade da origem da matéria-prima do produto.

De acordo com Leonardo Salema, servidor da Diretoria de Avaliação da Conformidade (Dconf) e secretário-executivo do Cerflor, o principal objetivo é prover confiança tanto para o consumidor final quanto para a indústria de que os produtos adquiridos advêm de origem sustentável e seguem critérios de sustentabilidade no manejo. “Saber que um produto tem desempenho ambiental melhor do que outro é fundamental para a decisão de compra”, afirmou.

O Cerflor foi lançado em 2002 e desde 2005 é reconhecido pelo Programme for the Endorsement of Forest Certification International (PEFC), o maior sistema de certificação florestal do mundo. “Dois terços da celulose produzida no Brasil é exportada. Isso mostra a importância de ter uma certificação reconhecida mundialmente”, exemplificou Salema, na palestra de abertura do evento.

O secretário-executivo do Cerflor apontou que, apesar do Brasil ser responsável por somente 3% da área mundial de plantações florestais, o país concentra 17% da madeira colhida em todo o globo, oriunda de florestas plantadas. A alta produtividade deve-se não somente ao clima e ao solo favoráveis, mas também às boas práticas de manejo florestal. “Associado a cada hectare plantado, temos, em média, 0,7 hectare adicional destinado à preservação”, disse.

Programação

O 1º Encontro PEFC Cerflor de Sustentabilidade é uma iniciativa do PEFC Internacional, para promover a certificação no Brasil. Organizado pelo Inmetro, o evento contou com o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).

De acordo com o especialista em Políticas e Indústria da CNI, Mário Cardoso, ainda que a certificação não seja amplamente conhecida pelo consumidor final, ela traz segurança pra o elo intermediário da cadeia, para que ele saiba a origem da matéria-prima que adquire. Já a representante da Ibá, Nathalia Granato, apresentou resultados de pesquisas internacionais que mostram que os consumidores confiam mais nos selos das certificações do que nas marcas dos produtos.

Após a abertura do evento, o secretário-executivo do Cerflor ministrou uma palestra sobre contexto e perspectivas do Programa Brasileiro de Certificação Florestal. Ele explicou que o manejo florestal sustentável é baseado em cinco princípios: cumprimento da legislação; racionalidade no uso dos recursos; zelo pela diversidade biológica; respeito às águas, ao solo e ao ar e desenvolvimento ambiental, econômico e social das regiões onde acontecem as atividades florestais.

O evento contou, também, com uma palestra do presidente da Associação dos Produtores de Eucalipto do Sul e Extremo Sul da Bahia, Gleyson Araújo, que mostrou como a certificação florestal mudou a cultura e impactou de forma positiva o trabalho dos produtores associados.

O valor gerado pela certificação da cadeia de custódia ao produto final foi o tema das discussões conduzidas por Luiz Felipe Martins Lobo (Grupo Boticário) e Fabio Mortara (Abigraf/ TwoSides). A experiência das certificadoras também foi um dos assuntos tratados no evento, em um painel que contou com a participação de representantes da Sysflor, da Rina, da Apcer e do Bureau Veritas.

O evento foi encerrado com uma palestra do presidente do Sindpacel, Jorge Cajazeira, que fez uma análise conjuntural, apontando oportunidades e ameaças do cenário brasileiro no que diz respeito à sustentabilidade e à certificação florestal.