.: O Inmetro está preparado para
ajudar os exportadores, diz Ferracioli :.
Leia
a seguir a íntegra da entrevista:
G21 - Antes
de mais nada, gostaria que o senhor definisse o que é uma
barreira técnica.
Paulo Ferracioli: As barreiras técnicas às
exportações são barreiras comerciais derivadas
basicamente da utilização de normas ou regulamentos
técnicos, ou ainda de procedimentos para a avaliação
da conformidade, que não sejam transparentes. Estes três
tipos de exigências que cada país realiza sobre os
produtos que circulam no seu mercado interno devem ser aplicadas
igualmente a seus produtos domésticos e aos produtos que
importa. Esta e outras regras estão presentes no Acordo TBT
(Technical Barriers to Trade) da OMC, organização
que rege as questões comerciais mundiais, inclusive as relativas
a barreiras técnicas. Como definido pelo Acordo, toda exigência
realizada pelos países deve se prestar a objetivos legítimos
como a proteção à saúde, ao meio-ambiente,
etc. Portanto, normas técnicas, regulamentos técnicos
e procedimentos para a avaliação da conformidade não
são barreiras técnicas stricto senso. Mas serão
assim considerados caso o nível de exigência seja demasiadamente
elevado e represente apenas um instrumento de proteção
ao mercado interno. Todas estas explicações e as formas
de superar as barreiras técnicas podem ser encontradas no
site do Inmetro: http://www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas,
mencionado anteriormente.
G21 - Em
que medida elas dificultam a exportação de produtos
brasileiros?
Paulo Ferracioli: A dificuldade surge a partir do momento
em que as exigências técnicas tornam-se cada vez mais
sofisticadas. Uma questão importante é que os exportadores
que ainda não estão preparados sobre o tema se deparam
com exigências muitas vezes indevidas e por não perceberem
isso, acabam incorrendo em prejuízos desnecessários.
Isto acontece não apenas no Brasil, mas nos demais países
menos desenvolvidos como um todo, que sofrem para atingir o nível
de exigência requerido, não só porque seu padrão
tecnológico está, em diversas áreas, aquém
do necessário, mas também pela dificuldade de se distinguir
exigências legítimas de meros instrumentos protecionistas.
No caso do Brasil, o Inmetro está preparado para ajudar os
exportadores a vencerem todas estas dificuldades.
G21 - Quais
são os países que mais utilizam barreiras técnicas?
Em geral, elas são procedentes ou funcionam como instrumento
de defesa do mercado?
Paulo Ferracioli: Justamente porque as barreiras técnicas
são instrumentos de proteção ao comércio
extremamente sofisticados, os países que mais as utilizam
são exatamente os mais desenvolvidos que, na teoria, possuem
um discurso liberal. Camufladas através de normas técnicas,
regulamentos técnicos e procedimentos para a avaliação
da conformidade, barreiras técnicas são elaboradas,
muitas vezes, com o objetivo específico de proteger os produtores
locais do país que os adota.
G21 - O que deve ser feito para reduzir o efeito das barreiras
técnicas sobre as exportações brasileiras?
Paulo Ferracioli: A melhor estratégia é a antecipação,
que pode ser atingida, uma vez que os países membros da OMC
são obrigados, pelo Acordo TBT, a seguirem o princípio
da transparência. Neste princípio estipula-se que qualquer
nova proposta de regulamentação técnica deve
ser publicada para todos os outros membros na OMC, permitindo o
conhecimento prévio da exigência que virá a
se efetivar e, ainda, permitindo determinado período para
comentários dos interessados. Com o conhecimento prévio
das propostas de regulamentação, os exportadores poderão
adequar sua linha de produção, ou podem também
enviar seus comentários, na tentativa de modificar a regulamentação
proposta, antes que esta entre em vigor. É aqui que se encaixa
o "Alerta Exportador!", um dos serviços que o Inmetro
presta aos exportadores brasileiros e que permite a possibilidade
de que sejam informados, previamente, das regulamentações
que estão sendo propostas. Os interessados se inscrevem no
"Alerta Exportador!", escolhem produtos e países
de seu interesse e, a partir daí, recebem por e-mail todas
as propostas de regulamentação técnica dos
países de acordo com o perfil definido. Todas as propostas
são traduzidas para o português e o serviço
é prestado de forma totalmente gratuita, ou seja, é
uma grande conquista, especialmente para o micro, pequeno e médio
empresário.
G21 - Explique como é a atuação do Inmetro
como ponto focal de barreiras técnicas às exportações.
Paulo Ferracioli: O Inmetro é o grande apoio aos exportadores
com referência à superação de barreiras
técnicas. A função de ponto focal é
exercida pelo Inmetro de acordo com o estabelecido pelo Acordo TBT
da OMC, que trata de barreiras técnicas. Em primeiro lugar,
devemos informar à OMC as propostas de regulamentação
brasileiras e, em compensação, temos o conhecimento
de todas as regulamentações de todos os países
que são informadas à OMC que, após coletarmos,
divulgamos gratuitamente aos nossos exportadores, para auxiliá-los
em sua atividade. Adicionalmente, o Inmetro presta seis diferentes
serviços aos exportadores, auxiliando-os desde o momento
de esclarecimentos sobre as normas que devem atender para atingir
os mercados de seu interesse, até a apuração
de exigências indevidas.
G21 - Quanto
as empresas e o Brasil perdem quando não obedecem as normas
exigidas ou pela falta de conhecimento sobre o assunto?
Paulo Ferracioli: As perdas invariavelmente são bastante
significativas. Podem implicar desde a adequação da
linha de produção para atender a um regulamento específico,
acarretando perdas na economia de escala, até a obstrução
de um processo de exportação, no qual o não
cumprimento de determinada exigência resulte na retenção
da carga no país de destino. Os prejuízos decorrentes
de ambos os problemas são enormes e mesmo não tendo
os números que suportem essa afirmação, a demanda
dos nossos serviços demonstra claramente as necessidades
do setor produtivo no que se refere ao conhecimento da regulamentação
técnica internacional.
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