.: Furadeira Elétrica :. Objetivo OBJETIVOA apresentação dos resultados obtidos nos ensaios realizados em amostras de 09 (nove) diferentes marcas de furadeira elétrica consiste em uma das etapas do Programa de Análise de Produtos, coordenado pela Divisão de Orientação e Incentivo à Qualidade do Inmetro e que tem por objetivos:
Deve ser destacado que estes ensaios não se destinam a aprovar marcas, modelos ou lotes de produtos. O fato das amostras analisadas estarem ou não de acordo com as especificações contidas em uma norma/regulamento técnico, indica uma tendência do setor em termos de qualidade. Além disso, as análises coordenadas pelo Inmetro, através do Programa de Análise de Produtos, têm caráter pontual, ou seja, são uma "fotografia" da realidade, pois ela retrata a situação do mercado naquele período em que as análises são conduzidas.
JUSTIFICATIVAA análise de conformidade realizada no produto Furadeira Elétrica vai ao encontro do Procedimento Geral do Programa de Análise de Produtos do Inmetro quanto à seleção do produto a ser analisado, priorizando aqueles de consumo intensivo e extensivo pela sociedade e que estejam relacionados à questões que envolvam a segurança do consumidor Terapia ocupacional, desmistificação da dificuldade de uso, adequação do equipamento pelos fabricantes ou contenção de gastos com a contratação de prestadores de serviços, são as justificativas para o crescimento do segmento de ferramentas para uso em lazer e hobby. O mercado tinha um conjunto de opções básicas para um público profissional. Com isso, sempre encontrávamos os mesmos produtos com as mesmas expectativas de uso. Com a mudança de comportamento do consumidor brasileiro, houve uma profunda mudança no mercado de ferramenta e na oferta dos produtos. Antes, para se operar uma furadeira, o usuário tinha que ser um técnico com conhecimento prévio do equipamento. Hoje o produto é muito mais fácil de manusear, principalmente pela adequação dessa ferramenta a mudança do perfil do consumidor, que antes era basicamente de homens na faixa de 35 anos de idade, e agora passou a incluir jovens, solteiros e, principalmente, mulheres, que optam por adquirir estes produtos para trabalhos domésticos. Devido a este crescimento de consumo é que o Inmetro resolveu empreender uma análise em furadeira elétrica. Neste relatório são apresentadas as descrições dos ensaios realizados, as não conformidades detectadas, os riscos que apresentam para os usuários do produto e as principais conclusões a respeito dos resultados encontrados.
NORMAS E DOCUMENTOS DE REFERÊNCIAPara a realização dos ensaios foram utilizadas os seguintes documentos de referência:
LABORATÓRIO RESPONSÁVEL PELOS ENSAIOSOs ensaios de segurança foram realizados pelo LABELO - Laboratórios Especializados em Eletro-Eletrônica, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, localizado em Porto Alegre, integrante da Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaios - RBLE e credenciado pelo Inmetro para ensaios em aparelhos eletrodomésticos em geral.
MARCAS ANALISADASA análise foi precedida de uma pesquisa de mercado realizada em 12 (doze) Estados: Goiás, Amazonas, Pará, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná, onde foram encontradas 16 marcas de furadeira elétrica. Considerando que uma das diretrizes do Programa é analisar a tendência do mercado quanto à conformidade do produto, não é necessário analisar todas as marcas disponíveis no mercado nacional. Portanto, foram selecionadas, com base na tradição, regionalização e participação de cada marca no mercado nacional, 09 (nove) diferentes marcas de furadeira elétrica, 04 (quatro) nacionais e 05 (cinco) importadas, para que fossem submetidas aos ensaios de conformidade. A tabela I, a seguir, relaciona os fabricantes/importadores que tiveram amostras de seus produtos analisadas. Tabela I
Informações das Marcas AnalisadasCom relação às informações contidas na homepage sobre o resultados dos ensaios, você vai observar que identificamos as marcas dos produtos analisados apenas por um período de 90 dias. Julgamos importante que você saiba os motivos:
ENSAIOS REALIZADOS E RESULTADOS OBTIDOSForam compradas 03 (três) amostras de cada uma das marcas selecionadas, que foram submetidas aos ensaios de segurança descritos pelas normas técnicas. Os ensaios foram divididos nas seguintes categorias:
a. Marcações e Instruções:Esta categoria verifica se o corpo do aparelho e o manual de instruções que o acompanha trazem todas as informações que devem estar disponíveis ao usuário sobre o produto. O corpo do aparelho deve estar marcado, de forma duradoura e legível, com as especificações técnicas sobre o produto como, por exemplo, sua potência ou corrente nominal, a tensão em que tem que ser ligado na rede elétrica, bem como o símbolo da classe de proteção que o aparelho oferece contra choque elétrico e contra a penetração de água. Além da presença da marcação, também é verificada a grafia das unidades, ou seja, se foram escritas corretamente. De acordo com a norma técnica, as furadeira elétrica devem ser classe 2, no que diz respeito à isolação das partes vivas, visando a proteção contra choque elétrico, e, pelo menos, IPX0, quanto à proteção contra a penetração de água. Essas indicações costumam ser encontradas, em alto relevo, no plugue do aparelho. Algumas marcações são exigidas pela norma específica, são elas:
Além disso, o manual de instruções deve trazer todas as informações consideradas relevantes sobre o aparelho, principalmente sobre a sua utilização e manutenção, de modo que ele possa ser utilizado com segurança, redigidas de forma clara e em português. A tabela II mostra a relação entre o nº de não conformidades encontradas para cada marca x nº de informações/marcações verificadas.
Tabela II
Nessa categoria de ensaio, todas as marcas analisadas foram consideradas não conformes.
b. Detalhes Elétricos:Os ensaios que pertencem a essa categoria são:
Esse ensaio verifica, através de medição, se há fuga de corrente do aparelho, ou seja, se mesmo desligado, mas conectado à rede elétrica através do plugue de alimentação, a furadeira elétrica consome energia, o que pode representar aumento do valor da conta de luz. Essa medição é feita após a aplicação de uma sobretensão no aparelho. A corrente de fuga, como é mais conhecida, é a corrente elétrica que "escapa" do aparelho e que tem como principais causas: emendas e isolação mal feitas de fios ou fios desencapados. Além do aumento do consumo de energia, a corrente de fuga representa risco à segurança do usuário, pois pode causar choque elétrico. Todas as amostras analisadas apresentaram valor de corrente de fuga abaixo do limite máximo estabelecido pela norma e, portanto, foram consideradas conformes. Observação: O problema de corrente de fuga pode ocorrer com qualquer aparelho e o consumidor pode facilmente verificar sua existência. Basta desligar todos os aparelhos das tomadas, conectar o aparelho que se pretende verificar e apagar as luzes. Se, após 15 minutos, o disco do medidor de energia ("relógio de luz") continuar girando é porque há fuga de corrente. Após a medição da corrente de fuga, a isolação é submetida, mais uma vez, a uma sobretensão a fim de verificar se há a emissão de descargas disruptivas, que é um fenômeno associado à falha da isolação por esforço elétrico que acarreta queda brusca da tensão e interrupção da passagem de corrente elétrica, que representa risco de choque elétrico para o usuário do aparelho. Novamente, todas as marcas analisadas foram consideradas conformes.
c. Detalhes Mecânicos:Os ensaios que pertencem a essa categoria são:
Nesse ensaio, as amostras são colocadas em uma câmara com umidade e temperatura controladas, sendo que a umidade relativa do ar é elevada a 93%, durante 48 horas. Terminado esse período, as amostras são novamente submetidas aos ensaios anteriores. Este procedimento visa simular o comportamento do aparelho, durante seu funcionamento normal, em ambientes com umidade elevada. Todas as amostras analisadas foram consideradas conformes.
Nesse ensaio, através da simulação de situações de acidente, as partes externas e não metálicas da furadeira elétrica são submetidas, durante funcionamento normal, à solicitações que verificam se as amostras analisadas são resistentes ao calor, à combustão, ou seja, se pegam fogo e, caso haja princípio de incêndio, se há propagação de chama. Ao término dos ensaios, as partes analisadas devem se mostrar suficientemente resistentes ao calor e à chama e não devem apresentar qualquer dano físico que possa prejudicar a conformidade dos aparelhos aos requisitos técnicos normativos e, conseqüentemente, colocar em risco a segurança do usuário do produto. A resistência à deformação pelo calor é verificada através do ensaio denominado ball pressure. Uma esfera é pressionada contra as principais partes externas do aparelho, a uma determinada temperatura (125°C ± 2°C), durante 1 (uma) hora. A conformidade é verificada através da medição da profundidade da impressão feita pela esfera no ponto onde é aplicada. Segundo a norma, a profundidade da impressão deve ser inferior a 2 mm (dois milímetros). A combustão e propagação da chama são verificadas através da colocação de um objeto (fio) incandescente em contato com as partes do aparelho. Em ambos os ensaios, as partes da furadeira elétrica verificadas foram: a chave LIGA/DESLIGA, a carcaça, e o plugue de alimentação. No ensaio de ball pressure, duas marcas foram considerdas não conformes, são elas: A e I, pois houve deformação parcial (A) e total (I) do material utilizado na chave liga/desliga. Quanto ao ensaio de combustão
e de propagação de chama, todas as amostras foram
consideradas conformes. d. Detalhes Construtivos:Os ensaios que pertencem a essa categoria são:
Nesse item são realizados ensaios que verificam a resistência de interruptores e cordões de alimentação a solicitações mecânicas. Em ambos os casos, os componentes devem resistir suficientemente aos esforços previstos sem que, ao término dos ensaios, os aparelhos ofereçam risco à segurança do usuário. Quanto aos cordões de alimentação, as características verificadas incluem o dimensionamento da seção transversal (diâmetro) do fio em função da corrente elétrica que alimentará o aparelho, o material utilizado na confecção dos mesmos, o tamanho máximo permitido, a flexibilidade do cordão quando submetido a movimentos que simulam aqueles ocorridos durante a utilização do aparelho, se há contato físico do cordão com bordas cortantes, entre outras. As ligações responsáveis pelo contato dos condutores e o acesso a elas também são verificadas. Segundo a norma técnica, essas ligações não podem ser acessíveis sem a ajuda de uma ferramenta e devem ser feitas por amarração, seguida de prensagem e soldagem, a fim de garantir fixação adequada e a segurança do usuário quanto ao risco de que o condutor se solte e toque alguma parte metálica, transformando-a em parte viva. Das 09 (nove) marcas analisadas, 07 (sete) foram consideradas não conformes, em pelo menos uma das características verificadas. São elas: A, B, D, F, E, G e I.
A tabela III descreve as irregularidades detectadas em cada uma das amostras consideradas não conformes:
Tabela III
A utilização de fio com diâmetro inferior ao especificado para a corrente elétrica informada pelo fabricante para o produto, pode possibilitar superaquecimento do cordão de alimentação, em função da redução do tempo de vida útil do condutor e desperdício de energia elétrica provocado pelo aquecimento. Danos físicos ao cabo podem acarretar a exposição de partes que podem causar choque elétrico ou curto-circuito e mau funcionamento do aparelho. RESULTADO GERALA tabela IV relaciona a situação das marcas analisadas em relação a cada uma das categorias verificadas e a conclusão final. Tabela IV
POSICIONAMENTO DOS FABRICANTESApós a conclusão dos ensaios, os fabricantes/importadores, que tiveram amostras de seus produtos analisadas, receberam, do Inmetro, os laudos de seus respectivos produtos, tendo sido concedido prazo de 10 (dez) dias para que se manifestassem a respeito dos resultados obtidos. A seguir, são relacionados os fabricantes/importadores que se manifestaram formalmente, através de fax enviado ao INMETRO, e trechos de seus respectivos posicionamentos. A' (marca: A) "..., recebemos o relatório do ensaio referente a furadeira elétrica distribuída por nós. Gostaríamos de parabenizar a iniciativa do Inmetro em tentar melhorar a qualidade dos produtos vendidos aos consumidores. Nossa empresa não importa nem distribui mais nenhum produto elétrico.... Não temos mais furadeiras em estoque há cerca de seis meses. Quanto ao ensaio em si, fico feliz em notar que foram poucos itens que não atenderam a norma..."
B' (marca: B) " De acordo com os itens reprovados no relatório nº G)36/2002 – Furadeira, a B' informa que:
A B' busca constantemente aperfeiçoar seus produtos e serviços..."
C' (marcas: C e H) "... primeiramente gostaria de parabenizar o Inmetro pelo Programa de Análise de Produtos, que estimula, todos os fornecedores de produtos e serviços, a uma busca contínua da Melhoria de Qualidade de nossos produtos e de nossos serviços. ... Gostaríamos de manifestar nossos esclarecimentos a respeito esclarecendo as não conformidades encontradas..., como segue:
É provável que a máquina recolhida para teste tenha sido fabricada anteriormente a essas modificações, ou que devido a sistemática C' de controle de modificações, algumas máquinas tenham sido produzidas com etiquetas antigas até o consumo de nosso estoque.
No lado esquerdo, não temos a necessidade de modificarmos pois temos os dizeres min-1 e entre parênteses RPM...
... em nosso entender, as não conformidades apresentadas no relatório, não colocam em risco o consumidor usuário, uma vez que as informações necessárias estão disponíveis, somente não transcrevem na íntegra, as mesmas palavras ou dizeres utilizados na norma..".
I' (marca: I) " Em resposta a Carta de 14.01.2003, referente ao Programa de Análise de Produtos, realizado em nossa mercadoria: Furadeira Elétrica. Estamos cientes sobre os resultados obtidos no relatório de ensaio..., e quanto aos itens em que nosso produto não atende os requisitos, estamos providenciando as alterações para o próximo lote..."
E' (marca: E) "Agradecemos a oportunidade de termos nosso produto em análise em seus laboratórios.... em relação aos itens não aprovados, viemos por meio deste informar que: No item 8.1, quanto à falta de informação do fabricante, abaixo do código de barras é informado o fabricante no formato < produzido na RPC (República Popular da China. Caso esta informação seja insuficiente, ou imprópria, teremos o maior prazer em repará-la.] No item 8.1, quanto aà falta do símbolo para equipamentos de classe II, esta foi uma falha de produção, e iremos fazer a correção em nosso próximo lote. No iem 8.12, quanto à falta de destaque e a falta de algumas informações sobre segurança em nosso manual, o mesmo já está sendo refeito, e estas informações acrescidas e reparadas. No item 24.12, quanto ao protetor do cabo de força, e no item 24.17, quanto ao prendedor do cabo de força, tivemos apenas dois casos de cabo de força rompidos, em todo o período em que o produto está sendo comercializado. Porém, teremos o maior prazer em solicitar ao fabricante a alteração da qualidade no protetor do cabo, e a alteração do sistema de trava do cabo de força na ferramenta. Acreditamos com isso, que assim teremos um produto de excelente qualidade, e dentro das normas estabelecidas..."
COMENTÁRIOS SOBRE OS RESULTADOSNa categoria denominada Detalhes Construtivos, são verificadas características referentes à fiação interna e aos componentes do aparelho, como interruptores e cordões de alimentação. Nesta categoria, destacamos as não conformidades no ensaio que verifica a isolação do cabo de alimentação e no ensaio que verifica a conformidade do dimensionamento do diâmetro do condutor em função da corrente elétrica que alimentará o aparelho. Em ambos os casos, a não conformidade representa risco à segurança do usuário do produto. No primeiro, como o aparelho passa a ter somente uma isolação simples, há a possibilidade maior de risco de choque elétrico. No segundo, a utilização de fio com diâmetro inferior ao especificado pode provocar superaquecimento do cordão e maior consumo energético. É Importante salientar que a amostra da marca D apresentou um fio esmagado devido a montagem, o que pode ocasionar, além de mau funcionamento do aparelho, risco de incêndio, pois há uma sobrecarga de corrente nos outros fios intactos, aquecendo o produto. Na categoria de Detalhes Elétricos, duas marcas importadas, F e I, não atingiram a potência indicada pelo fabricante, o que impossibilitou a verificação dos itens de segurança deste ensaio, indicando um mau funcionamento do produto, já que ele não consegue atingir a potência prometida pelo fabricante. Na categoria de Detalhes Mecânicos, destacamos as não conformidades detectadas no ensaio de Resistência ao Calor, Fogo e Trilhamento, no qual as amostras das marcas A e I apresentaram, após ensaio, deformação parcial e total do material utilizado na chave liga/desliga, ou seja, o material empregado para a proteção da chave era de má qualidade, não suportando a temperatura do ensaio, o que pode interferir no funcionamento da chave, além de proporcionar risco de choque elétrico ao usuário, pois a chave sem a proteção se torna uma parte viva. CONCLUSÕESDos 79 (setenta e nove) itens verificados foram detectadas não conformidades em 14 (catorze), o que representa índice de 18,2% (dezoito vírgula dois por cento) de irregularidades. De acordo com a análise desses resultados, observou-se que as amostras das marcas nacionais tiveram um desempenho melhor do que as amostras das marcas importadas. Isto é observado quando comparamos os resultados dos ensaios (70 itens verificados) referentes à segurança do produto: Detalhes Elétricos, Mecânicos e Construtivos. Duas marcas nacionais, C e H, não apresentaram não conformidade nestes itens. Sendo que as outras duas, B e G, apresentaram não conformidades em 1 (um) e em 3 (três) itens respectivamente. Já as marcas importadas foram responsáveis pelas outras não conformidades encontradas, com destaque para a marca I, que foi a única apresentar não conformidades nos três grupos de ensaios de segurança verificados. Tab. V – comparação entre Nacional x Importado
Temos que destacar ainda que, dos 11 (onze) itens de segurança considerados não conformes, em 10 (dez) deles tivemos pelo menos uma amostra de marca importada considerada não conforme, e somente em 3 (três) deles tivemos uma amostra de marca nacional considerada não conforme, reafirmando assim conclusão anterior. CONSEQÜÊNCIAS
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